Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem proteger ninguém
Eu vou dar o meu desprezo
Pra você que me ensinou
Que a tristeza é uma maneira
Da gente se salvar depois
Eu vou forrar as paredes
Do meu quarto de miséria
Com manchetes de jornal
Pra ver que não é nada sério
São 7 horas da manhã
Vejo Cristo da janela
O sol já apagou sua luz
E o povo lá embaixo espera
Nas filas dos pontos de ônibus
Procurando aonde ir
São todos seus cicerones
Correm pra não desistir
Dos seus salários de fome
É a esperança que eles tem
Neste filme como extras
Todos querem se dar bem
Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas
"desde quando poluição é progresso?
desde quando progresso é melhor?
acho melhor começar tudo de novo do que acabar pela primeira vez
desde quando ordem e progresso nos levarão a algum lugar?
nem tudo que brilha é ouro... nem todo ouro pode nós salvar
O que se pensa não é o que se faz e o que se faz só faz sentido se vivermos em paz"